terça-feira, 10 de maio de 2011

Sobre medos

Sempre tive medo de cobras. Medo não. PAVOR. Desde criança, nunca pude ver nem foto ou vídeo que o coração saia pela boca, o desespero era grande. Hoje o negócio se aquietou um pouco, não me desespero mais tanto como antigamente, fico tranqüila (na medida do possível) vendo uma foto, mas ainda não posso ver "ao vivo". Aos poucos vou vencendo esse monstro interior.
Sempre tive medo de pessoas. Medo não. PAVOR. Desde criança, nunca pude conversar com estranhos tranqüilamente (foda-se o novo português, tremas são bonitas), nunca pude estar em um local com muitas pessoas sem sentir uma tontura, sem passar mal. Fazer amigos é um negócio que me aflige. Mas ao contrário do outro medo esse não vai embora nem diminui, esse é o que me deixa sem dormir às vezes, e parece que aumenta cada vez mais. Quanto mais contato humano eu tenho, mais eu passo mal quando vou ao mercado em dias lotados. Quanto mais pessoas novas eu conheço, mais medo tenho de conhecer. O monstro não dorme, cresce cada vez mais. Não vou assumir que tenho fobia social, não quero ter.
"Vá ao psicólogo" - Mas qual o propósito? Conversar com um estranho que nunca vi na vida vai mudar meu trauma de conversar com estranhos? É irônico demais pra mim, isso não funciona.
"É falta de vontade" - Não é. Ninguém sabe como é triste estar no meio de pessoas desconhecidas e não conseguir puxar um simples "Oi, meu nome é Elaine". Não me lembro de ter conseguido dizer isso, nem no jardim de infância. Eu sempre fui a aluna estranha do cantinho. Amizades? Só com aqueles que se interessavam por mim (e é assim até hoje).
Quando me ver olhando pro nada, mexendo as mãos como quem está ansiosa, pode ter certeza: Eu quero dizer algo, mas não consigo. Há algo mais forte que me impede.

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