quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sobre ter os pés no chão e a cabeça nas nuvens

"Com a cabeça que tenho acho incrível nunca ter pego ônibus errado"
Dito e feito. Santa matraca! Peguei.
Saí correndo da faculdade depois de uma terapia aula de ilustração e entrei no primeiro ônibus que vi.
90% dos ônibus que param na frente da univille vão pro terminal... Óbvio que entrei num que não ia.
Na primeira curva errada meu pensamento foi "beleza, o caminho não é tão longo, logo ele volta e chega num terminal". Dez minutos depois eu estava perdida com a paisagem deslumbrante do local e já nem lembrava da cagada que tinha acabado de fazer. Lembrei quando a barriga roncou de fome. O ônibus finalmente parou; eu estava em Pirabeiraba. Aí eu me desesperei, o motorista desceu do ônibus falando "Esse só sai daqui a 20 minutos". Não tinha um ônibus que ia pra mais longe pra eu pegar?
Os 20 minutos demoraram 2 horas pra passar. Eu pensei na vida, ouvi música, joguei paciência, desenhei e tive a melhor ideia que poderia ter. O ônibus deu partida e eu estava em transe pela ideia linda que tinha acabado de surgir. Alguns milhões de minutos depois eu já estava em terras conhecidas com algo firme na minha mente: Essa ideia não pode morrer!! E não vai!

Compartilho por aqui no dia em que ela virar realidade.
quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sobre amores e ser criança.

Dias desses entrei no ônibus e dei de cara com uma pessoa conhecida... Mas quem era?
Já tinha visto aquele rosto, eu tinha certeza absoluta. Sentei de frente para a criatura, pra ver se eu lembrava, ou vice e versa (apesar de que as pessoas têm esquecido de quem sou eu depois que cortei o cabelo).
Mas é claro! Como fui esquecer? Era o meu primeiro namorado, cujo nome (mui estranho) não irei lembrar jamais! Era algo japonês.
Antes que me julguem por tal esquecimento explico: Estávamos na segunda série, sete anos de idade e muita ingenuidade. Brincavámos juntos no recreio, fazíamos todos os trabalhos em dupla e pra completar íamos todos os dias juntos pra casa.
Acho que nunca vou me esquecer do dia em que ele me pediu em namoro. Ele estava bem perto de casa quando falou rápido e sem folêgo: Você quer ser minha namoradinha? Não lembro da minha reação. Sei que aceitei.
E na semana seguinte a gente nem lembrava mais disso.
Fui lembrar uns quatro anos depois quando vi ele agarrado com uma de minhas amigas no fundo do colégio. Era tarde demais pra sentir ciúmes.
E esse foi, meu primeiro (e último) namorado. Quem me dera um dia lembrar do nome dele.

(não, ele não me reconheceu no ônibus)
terça-feira, 10 de maio de 2011

Sobre medos

Sempre tive medo de cobras. Medo não. PAVOR. Desde criança, nunca pude ver nem foto ou vídeo que o coração saia pela boca, o desespero era grande. Hoje o negócio se aquietou um pouco, não me desespero mais tanto como antigamente, fico tranqüila (na medida do possível) vendo uma foto, mas ainda não posso ver "ao vivo". Aos poucos vou vencendo esse monstro interior.
Sempre tive medo de pessoas. Medo não. PAVOR. Desde criança, nunca pude conversar com estranhos tranqüilamente (foda-se o novo português, tremas são bonitas), nunca pude estar em um local com muitas pessoas sem sentir uma tontura, sem passar mal. Fazer amigos é um negócio que me aflige. Mas ao contrário do outro medo esse não vai embora nem diminui, esse é o que me deixa sem dormir às vezes, e parece que aumenta cada vez mais. Quanto mais contato humano eu tenho, mais eu passo mal quando vou ao mercado em dias lotados. Quanto mais pessoas novas eu conheço, mais medo tenho de conhecer. O monstro não dorme, cresce cada vez mais. Não vou assumir que tenho fobia social, não quero ter.
"Vá ao psicólogo" - Mas qual o propósito? Conversar com um estranho que nunca vi na vida vai mudar meu trauma de conversar com estranhos? É irônico demais pra mim, isso não funciona.
"É falta de vontade" - Não é. Ninguém sabe como é triste estar no meio de pessoas desconhecidas e não conseguir puxar um simples "Oi, meu nome é Elaine". Não me lembro de ter conseguido dizer isso, nem no jardim de infância. Eu sempre fui a aluna estranha do cantinho. Amizades? Só com aqueles que se interessavam por mim (e é assim até hoje).
Quando me ver olhando pro nada, mexendo as mãos como quem está ansiosa, pode ter certeza: Eu quero dizer algo, mas não consigo. Há algo mais forte que me impede.
segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sobre pessoas estressadas e donas da razão.

Trabalho no Diretório Central dos Estudantes. Trabalho não... só me fodo.
A bola da vez são as bolsas dos cursos que foram encomendadas há três meses mas que ninguém viu a cor das malditas ainda. Eu mesma estou querendo armar uma revolução contra a empresa que fabrica, carregar faixas, acender tochas, colocar fogo em tudo. Estresse é pouco.
O prazo final era hoje. A promessa era "Sua bolsa até segunda ou o dinheiro de volta". Mas é claro que eu não tenho nenhum dos dois. Culpa de quem? Minha é que não. Mas ninguém enxerga desse jeito, porque para os alunos a culpa é minha, é tudo eu, eu sou uma inútil.
O maior problema de todos nem é este. É ter que se segurar pra não xingar quem me xinga. É ser xingada e ainda por cima ser simpática e querida. SERES HUMANOS SÃO UMA MERDA!
A vontade de trancar a porta e ficar pelo lado de dentro só ouvindo as reclamações está me tentando.

Porque peguei um ônibus pra vir pra cá no dia de hoje mesmo?
terça-feira, 3 de maio de 2011

Sobre o frio, os casacos e a classe

(Se é que chamam essa de frio)

7:00 AM
O termômetro cai um grau, as pessoas caem da escada pra pegar os casacos no topo do armário
Naftalina, mofo e muita "classe". A disputa da hora é: Passo calor mas não perco a pose.
A tão esperada hora de tirar do fundo do baú aquele casaco de lã comprado no começo do verão, pra aproveitar liquidação e andar com o nariz empinado.
Abrir as janelas pra espantar o cheiro de naftalina é morrer bombardeado com olhares demoníacos e impetuosos. E quando o inverno chegar? Será que chegam a trazer o cobertor nas costas?

11:00 AM
Céu azul, sol à pino.
Lembra dos encasacados e refinados? Agora estão suando litros, se equilibrando em pé dentro do ônibus: Uma mão segura os casacos e outra segura pra não cair. Eu tenho uma vontade surpreendente de dar risada, mas aí a louca vai ser eu.
O nariz empinado e a classe toda foram por ralo a baixo, o lindo casaco de liquidação virou o diabo em forma de roupa. "Por que diabos trouxe essa merda de casaco?"

E eu? eu saio de casa com o mesmo moletom de sempre. Chego em casa com o mesmo moletom de sempre. Frio? Quando der frio, eu sinto frio. Por enquanto? Nem a pontinha do nariz gelou ainda.
segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sobre mestres e pesos nas costas.

Quem me conhece sabe, sou fã do Humberto Gessinger, acima de qualquer banda e/ou projeto que ele esteja envolvido. Tenho ele como um mestre. Um gênio. As bandas são apenas uma consequência.
O conheci ano passado (num chuvoso 12 de maio), num pocket show e sessão de autógrafos. Ali a ficha caiu que ele era um ser humano real. Músicas, autógrafos, foto... e eu travada sem consegui dizer uma só palavra além de um timído obrigada. Um fundo e sincero obrigada.
Semana passada a cena se repetiu, sem música e com uma fila enorme... e eu era uma das últimas. (Valeu Murphy).
Uma hora e meia de espera com uma mochila com o dobro do meu peso nas costas, mas who cares? Era o 1berto porra, um sacrifício com uma baita recompensa. Aproveitei a fila pra pensar "O que dizer pra essa criatura?" Por que afinal, eu definitivamente não iria ficar no babaca obrigada da ultima vez.
Chegou minha hora, e agora? Fui sincera, me dirigi a ele e soltei "Agora é a hora em que a dor nas costas vai embora", ele riu, pediu permissão pra ver se a mochila estava mesmo pesada e com toda simplicidade do mundo me disse que se soubesse que eu estava na fila com esse peso me deixava passar na frente de todo mundo. Um amor. Alguns bla bla blás fotos e autográfos depois, na hora de eu ir embora, ouvi um conselho que eu não respeitaria se viesse de outra pessoa: "Mas menina, cê não pode andar com uma mochila tão pesada".



Dia seguinte sai de casa com metade das coisas nas costas, afinal, conselho de mestre é lei. E dessa vez o obrigada ficou esquecido. Quem além de mim esquece de agradecer um conselho desses?
domingo, 1 de maio de 2011

Sobre 4 horas de devaneios diários.

Dependo de ônibus, e vivo longe de tudo. Um pulinho ali na esquina me custa meia hora de sacudidas dentro de uma caixa amarela cheia de gente fedida. Não vou entrar no mérito do preço da passagem, essa fica pra outra hora. Meu sonho mesmo é andar de bicicleta.
Estudo e trabalho no outro lado da cidade (pra ser mais precisa... no mesmo lugar). Quatro horas do meu dia que se vão mais rápido que água pelo ralo. Quatro horas inúteis... ou nem tanto. No começo era um saco, mas é preciso ver um lado positivo em tudo na vida (Não, isso não tem nada a ver com Polyana, nunca quis ler esse livro).
Viciada em música que sou, e com a vida corrida que ando tendo, fiz dessas quatro horas minhas melhores amigas, é ali que consigo me deliciar com os mais diversos versos e melodias. Quando menos percebo a cabeça já voou com algum verso de música e eu começo a sonhar, projetar e pensar na vida, o que acaba se tornando uma válvula de escape nos dias de hoje. Ando na onda de ouvir podcasts, e como duram em torno de uma hora, me sustentam por uma viagem. A descoberta de que meu celular tem a tela grande o suficiente pra reproduzir séries me fez dar pulinhos de alegria, afinal, descobri um modo de estar sempre em dia com as preferidas (que diga-se de passagem são infinitas).
Aí eu já começo a achar o tempo de ônibus curto demais, daqui a pouco vou estar pegando um ônibus final de semana só pra ficar sozinha pensando na vida.
Só sinto falta de uma única coisa que não consigo, e choro muito por isso. Não consigo ler! Pra minha profunda tristeza (e acumulo de livros comprados na estante do quarto que sequer foram abertos) as linhas que pego passam por todos os relevos possíveis, e quem aqui amigo, consegue ler sacudindo o livro na frente da cara? Choro no cantinho toda vez que vejo a fila de livros que tenho pra ler (e ela aumenta cada vez mais).
Agora você conhecido que já me encontrou no ônibus e levou uma bela de uma ignorada, talvez agora me entenda. Eu odeio encontrar pessoas, não gosto que atrapalhem o meu momento. Amigos, sintam-se bem-vindos a filosofar e pensar na vida comigo.
 

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