quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sobre perder o tempero da vida.

O filho da puta do vizinho matou meus gatos. Fiquei triste. Chorei demais. Aprendi a lidar com a vida. Chorei mais um pouco. Encontrei meu equilíbrio no silêncio. Alguém me fez dar risada. Voltei a ler no ônibus. Cortei o cabelo de novo. Aprendi a resolver o cubo mágico em menos de cinco minutos. Passei um sábado a noite fora da cama... Algo mudou, talvez pra melhor, mas sinto falta da vida antiga.
A gente não devia se apegar tanto assim, mas era inevitável. Sir Beterraba era meu ponto de equilíbrio. Dona Íons me fazia rir a qualquer momento. E eles se foram assim, de um dia para o outro. Ficou Dona Chica, tristonha e carente, que me consola e me anima.
Não lembro data, não lembro dia da semana, não lembro de nada, fiz questão de apagar da mente.
Demorei mais de um mês pra conseguir escrever sobre isso sem chorar. Não vou ficar remoendo, nem vendo fotos. Passou. Foi. O que resta são só as memórias dos melhores gatos do mundo, estejam onde estiver, que estejam em paz.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Sobre mudanças

Meu sonho, desde criança, era ter o cabelo mais comprido do mundo. Mas nunca consegui (não me pergunte o porquê). Até que um dia me vi com isso tudo na cabeça:

Como eu sobrevivia com tudo isso?
Chega de sonho, o negócio é a realidade.
Dizem que uma mudança radical no visual significa uma grande tristeza e a vontade de mudar de vida, dar a volta por cima; que é coisa de impulso e que a gente logo se arrepende. É sinal de recomeço.
E se eu quiser dizer que não? Que eu estava feliz demais e queria demonstrar isso realizando um desejo que estava escondido? Foi isso. E não me arrependo, digo até que devia ter feito isso antes.
O negócio é não pensar no estrago, meter a cara e mandar passar a tesoura. Se ficar ruim um dia cresce.


Agora me sinto mais eu mesma. Me sinto livre. 
E tenho vontade de cortar mais. Muito mais.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sobre ter os pés no chão e a cabeça nas nuvens

"Com a cabeça que tenho acho incrível nunca ter pego ônibus errado"
Dito e feito. Santa matraca! Peguei.
Saí correndo da faculdade depois de uma terapia aula de ilustração e entrei no primeiro ônibus que vi.
90% dos ônibus que param na frente da univille vão pro terminal... Óbvio que entrei num que não ia.
Na primeira curva errada meu pensamento foi "beleza, o caminho não é tão longo, logo ele volta e chega num terminal". Dez minutos depois eu estava perdida com a paisagem deslumbrante do local e já nem lembrava da cagada que tinha acabado de fazer. Lembrei quando a barriga roncou de fome. O ônibus finalmente parou; eu estava em Pirabeiraba. Aí eu me desesperei, o motorista desceu do ônibus falando "Esse só sai daqui a 20 minutos". Não tinha um ônibus que ia pra mais longe pra eu pegar?
Os 20 minutos demoraram 2 horas pra passar. Eu pensei na vida, ouvi música, joguei paciência, desenhei e tive a melhor ideia que poderia ter. O ônibus deu partida e eu estava em transe pela ideia linda que tinha acabado de surgir. Alguns milhões de minutos depois eu já estava em terras conhecidas com algo firme na minha mente: Essa ideia não pode morrer!! E não vai!

Compartilho por aqui no dia em que ela virar realidade.
quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sobre amores e ser criança.

Dias desses entrei no ônibus e dei de cara com uma pessoa conhecida... Mas quem era?
Já tinha visto aquele rosto, eu tinha certeza absoluta. Sentei de frente para a criatura, pra ver se eu lembrava, ou vice e versa (apesar de que as pessoas têm esquecido de quem sou eu depois que cortei o cabelo).
Mas é claro! Como fui esquecer? Era o meu primeiro namorado, cujo nome (mui estranho) não irei lembrar jamais! Era algo japonês.
Antes que me julguem por tal esquecimento explico: Estávamos na segunda série, sete anos de idade e muita ingenuidade. Brincavámos juntos no recreio, fazíamos todos os trabalhos em dupla e pra completar íamos todos os dias juntos pra casa.
Acho que nunca vou me esquecer do dia em que ele me pediu em namoro. Ele estava bem perto de casa quando falou rápido e sem folêgo: Você quer ser minha namoradinha? Não lembro da minha reação. Sei que aceitei.
E na semana seguinte a gente nem lembrava mais disso.
Fui lembrar uns quatro anos depois quando vi ele agarrado com uma de minhas amigas no fundo do colégio. Era tarde demais pra sentir ciúmes.
E esse foi, meu primeiro (e último) namorado. Quem me dera um dia lembrar do nome dele.

(não, ele não me reconheceu no ônibus)
terça-feira, 10 de maio de 2011

Sobre medos

Sempre tive medo de cobras. Medo não. PAVOR. Desde criança, nunca pude ver nem foto ou vídeo que o coração saia pela boca, o desespero era grande. Hoje o negócio se aquietou um pouco, não me desespero mais tanto como antigamente, fico tranqüila (na medida do possível) vendo uma foto, mas ainda não posso ver "ao vivo". Aos poucos vou vencendo esse monstro interior.
Sempre tive medo de pessoas. Medo não. PAVOR. Desde criança, nunca pude conversar com estranhos tranqüilamente (foda-se o novo português, tremas são bonitas), nunca pude estar em um local com muitas pessoas sem sentir uma tontura, sem passar mal. Fazer amigos é um negócio que me aflige. Mas ao contrário do outro medo esse não vai embora nem diminui, esse é o que me deixa sem dormir às vezes, e parece que aumenta cada vez mais. Quanto mais contato humano eu tenho, mais eu passo mal quando vou ao mercado em dias lotados. Quanto mais pessoas novas eu conheço, mais medo tenho de conhecer. O monstro não dorme, cresce cada vez mais. Não vou assumir que tenho fobia social, não quero ter.
"Vá ao psicólogo" - Mas qual o propósito? Conversar com um estranho que nunca vi na vida vai mudar meu trauma de conversar com estranhos? É irônico demais pra mim, isso não funciona.
"É falta de vontade" - Não é. Ninguém sabe como é triste estar no meio de pessoas desconhecidas e não conseguir puxar um simples "Oi, meu nome é Elaine". Não me lembro de ter conseguido dizer isso, nem no jardim de infância. Eu sempre fui a aluna estranha do cantinho. Amizades? Só com aqueles que se interessavam por mim (e é assim até hoje).
Quando me ver olhando pro nada, mexendo as mãos como quem está ansiosa, pode ter certeza: Eu quero dizer algo, mas não consigo. Há algo mais forte que me impede.
segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sobre pessoas estressadas e donas da razão.

Trabalho no Diretório Central dos Estudantes. Trabalho não... só me fodo.
A bola da vez são as bolsas dos cursos que foram encomendadas há três meses mas que ninguém viu a cor das malditas ainda. Eu mesma estou querendo armar uma revolução contra a empresa que fabrica, carregar faixas, acender tochas, colocar fogo em tudo. Estresse é pouco.
O prazo final era hoje. A promessa era "Sua bolsa até segunda ou o dinheiro de volta". Mas é claro que eu não tenho nenhum dos dois. Culpa de quem? Minha é que não. Mas ninguém enxerga desse jeito, porque para os alunos a culpa é minha, é tudo eu, eu sou uma inútil.
O maior problema de todos nem é este. É ter que se segurar pra não xingar quem me xinga. É ser xingada e ainda por cima ser simpática e querida. SERES HUMANOS SÃO UMA MERDA!
A vontade de trancar a porta e ficar pelo lado de dentro só ouvindo as reclamações está me tentando.

Porque peguei um ônibus pra vir pra cá no dia de hoje mesmo?
terça-feira, 3 de maio de 2011

Sobre o frio, os casacos e a classe

(Se é que chamam essa de frio)

7:00 AM
O termômetro cai um grau, as pessoas caem da escada pra pegar os casacos no topo do armário
Naftalina, mofo e muita "classe". A disputa da hora é: Passo calor mas não perco a pose.
A tão esperada hora de tirar do fundo do baú aquele casaco de lã comprado no começo do verão, pra aproveitar liquidação e andar com o nariz empinado.
Abrir as janelas pra espantar o cheiro de naftalina é morrer bombardeado com olhares demoníacos e impetuosos. E quando o inverno chegar? Será que chegam a trazer o cobertor nas costas?

11:00 AM
Céu azul, sol à pino.
Lembra dos encasacados e refinados? Agora estão suando litros, se equilibrando em pé dentro do ônibus: Uma mão segura os casacos e outra segura pra não cair. Eu tenho uma vontade surpreendente de dar risada, mas aí a louca vai ser eu.
O nariz empinado e a classe toda foram por ralo a baixo, o lindo casaco de liquidação virou o diabo em forma de roupa. "Por que diabos trouxe essa merda de casaco?"

E eu? eu saio de casa com o mesmo moletom de sempre. Chego em casa com o mesmo moletom de sempre. Frio? Quando der frio, eu sinto frio. Por enquanto? Nem a pontinha do nariz gelou ainda.
 

Blog Template by BloggerCandy.com